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Projeto de Irrigação no Cultivo de Cenoura
Cultura de Cenoura e Manejo de Irrigação
A qualidade, bem como a produtividade das raízes de cenoura são fortemente afetadas pela umidade do solo. Sendo assim, para ser possível a obtenção de altos rendimentos é necessário o controle desta umidade durante o ciclo completo da cultura para deste modo, determinar o momento correto de se fazer a irrigação do solo e a quantidade de água a ser utilizada nessa irrigação.
O sistema de irrigação utilizado mais amplamente em áreas menores é o de aspersão convencional, enquanto em áreas maiores utiliza-se o sistema de irrigação por pivô central. O uso de canhão aspersor para irrigação não é conveniente porque retira as sementes dos sulcos de plantio e compacta o solo, fazendo com que a germinação e emergência das plântulas sejam prejudicadas. Para determinar a quantidade correta de água (lâmina d’água) que deve ser aplicada via irrigação e a freqüência com que essas irrigações (turno de rega) devem ser feitas, deve-se levar em consideração as condições climáticas, tipo de solo e estádio de desenvolvimento das plantas.
Usualmente, a primeira irrigação depois o plantio deve ser feita de modo que o solo seja molhado até 20 cm de profundidade. Do plantio até o raleio, as irrigações devem ser feitas de forma leve e frequente (1 a 2 dias). Após esta fase e até a fase de colheita, tanto o turno de rega quanto a lâmina de água podem ser aumentados. Com referências e dados do tipo de solo, condições climáticas, estádio de crescimento da planta, profundidade das raízes e da evapotranspiração, é calculada a lâmina líquida de água a ser aplicada pelo sistema de irrigação e o turno de rega.
Controle de Irrigação do Solo em Cultivares de Cenoura
Considere-se a seguinte situação:
- Profundidade efetiva do sistema radicular neste período : 20 cm
- Clima seco e temperatura moderada (agosto)
- Solo argiloso sob cerrado (solo tipo I)
- Idade da cultura: do 30o ao 50o dia
A primeira etapa é estimar, pela Tabela 1, a evapotranspiração correspondente às condições climáticas e estádio de desenvolvimento da cultura, que no caso é de 5 mm/dia. Na Tabela 2, utilizando-se o valor estimado da evapotranspiração, o tipo de solo e a profundidade do sistema radicular, obtêm-se valores de turno de rega (número fora dos parênteses) e lâmina líquida de água (número dentro dos parênteses) por irrigação. Para esta situação tem-se turno de rega de dois dias e lâmina de 10 mm, respectivamente.
A lâmina bruta de água a ser utilizada é função da eficiência de irrigação e do sistema de irrigação escolhido. Na rega por aspersão, esse valor varia freqüentemente entre 60% e 80%, podendo chegar a 90% no caso de pivô central. Levando-se em conta, no exemplo em destaque, uma eficiência de 70%, a lâmina bruta de água a ser aplicada seria de 14,3 mm por irrigação.
| Tabela 1- Evapotranspiração da cultura de cenoura, em mm/dia, em função da idade da planta (dias após o plantio), temperatura (baixa, moderada e alta) e umidade relativa média do ar (seco, úmido). | ||||||
| Idade (dias) | Frio (15 a 20 oC) | Moderado (20 a 25 oC) | Quente (25 a 30 oC) | |||
| Seco | Úmido | Seco | Úmido | Seco | Úmido | |
| 0-30 | 2 | 1 | 3 | 2 | 4 | 2 |
| 30-50 | 4 | 3 | 5 | 3 | 6 | 4 |
| 50-80 | 5 | 4 | 7 | 4 | 8 | 5 |
| 80-100 | 4 | 3 | 5 | 3 | 7 | 4 |
| clima seco = 40 a 50% de umidade relativa clima úmido = 60 a 80% de umidade relativa |
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| Tabela 2 – Turno de rega ( fora dos parênteses), em dias, e lâmina líquida de água (entre parênteses), em mm, para a irrigação da cenoura. | ||||||||||
| Evapo- transpiração (mm/dia) |
Profundidade efetiva do sistema radicular (cm) | |||||||||
| 10 | 20 | 30 | 40 | 50 | ||||||
| Solo I* |
Solo II** |
Solo I* |
Solo II** |
Solo I* |
Solo II** |
Solo I* |
Solo II** |
Solo I* |
Solo II** |
|
| 1 | 4(4) | 6(6) | – | – | – | – | – | – | – | – |
| 2 | 2(4) | 3(6) | – | – | – | – | – | – | – | – |
| 3 | 1(3) | 2(6) | 3(9) | 4(12) | 4(12) | 6(18) | – | – | – | – |
| 4 | 1(4) | 1(4) | 2(8) | 3(12) | 3(12) | 5(20) | 4(16) | 6(24) | 5(20) | 8(32) |
| 5 | – | – | 2(10) | 2(10) | 2(10) | 4(20) | 3(15) | 5(25) | 4(20) | 6(30) |
| 6 | – | – | 1(6) | 2(12) | 2(12) | 3(18) | 3(18) | 4(24) | 4(24) | 5(30) |
| 7 | – | – | – | – | 2(14) | 3(21) | 2(14) | 4(28) | 3(21) | 4(28) |
| 8 | – | – | – | – | 1(3) | 2(16) | 2(16) | 3(24) | 3(24) | 4(32) |
*Solo tipo I : textura grossa à moderadamente grossa, disponibilidade de água entre 0,8 e 1,2 mm/cm de solo; ex: solo franco arenoso, areia franca e areia. ** Solo tipo II : textura média à fina, disponibilidade de água entre 1,6 a 2,2 mm/cm de solo; ex: solo franco, solo franco siltoso, franco argilo arenoso e siltoso, franco argiloso, argila arenosa e siltosa, e argila. Obs: Em geral os solos sob cerrados de textura média à fina apresentam disponibilidade de água entre 0,8 e 1,2 mm/cm de solo. Assim deverão ser considerados como do tipo I. |
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