Origem da Broca do Café no Brasil
Vinda da África, onde foi relatada como praga do café em 1901 no Congo, a broca do café (Hypothenemus hampei) chegou ao estado de São Paulo em meados de 1913, nas sementes importadas de Java e da África. Apenas a partir de 1924 foram sentidos os prejuízos devido a esta praga do cafeeiro, concluindo-se, desse modo, o seu perigo. De São Paulo, a broca do café espalhou-se por todas as regiões cafeeiras do Brasil.
Como a Broca atua como Praga do Cafezal
A broca agride o café em diversas fases de desenvolvimento: frutos secos, maduros ou verdes. Frutos chumbinhos não são os preferidos, mas também são atacados. Neste estágio esta praga do cafezal faz uma galeria rasa, ficando com a parte posterior do seu corpo para fora.
Ocorre quedas de frutos, mas via de regra não ovopositam por estarem nos frutos muito aquosos. A agressão se acentua na fase de granação e maturação.
Diganóstico e Consequências da Broca como Praga do Café
Após a fêmea da broca do café entrar no grão de café e fazer galerias com a respectiva câmara de postura, surgem as larvas que vão destruir total ou um pedaço da semente. Grandes infestações diminuem a porcentagem de grãos perfeitos e aumentam a de grãos perfurados, de escolha e de grãos quebrados, determinando, em conseqüência, uma sensível queda no peso, além do sabor ruim e do mal aspecto. Geralmente uma saca de café coco com 85% de infestação de broca, apresenta uma perda de peso, após o beneficiamento, de aproximadamente 20%. É claro que infestações menores acarretam proporcionalmente menores queda ne peso.
Outro prejuízo relacionado a esta doença do café é o referente a queda dos grãos de café. No desenvolvimento dos frutos observou-se que a broca do café foi responsável pelo prejuízo de 46% dos grãos em um cafezal com 61% de infestação no final da safra, e a proporção da queda entre frutos broqueados e frutos sadios foi de 4,6 : 1 para aquela infestação, notando-se uma proporção de 3 por 1 entre frutos broqueados que caíram e frutos broqueados que permaneceram.
A inferiorização do tipo (qualidade do café) é também um dos prejuízo, pois a cada 5 (cinco) grãos perfurados atribui-se um defeito. Um lote de café pode passar do tipo 2 ou 3 para o tipo 7 ou 8, devido exclusivamente ao ataque da praga. Nota-se, então, que além de se ter menor quantidade de café devida a redução do peso e à queda de frutos, consegue-se menor preço pelo produto devido à baixa da qualidade da saca.
Ciclo de Vida da Broca do Café no Cafezal
- Cada macho copula com mais ou menos 10 fêmeas dentro do fruto. A razão sexual é de 1 macho para 9,75 fêmeas.
- A fêmea fecundada perfura o fruto na região da cicatriz floral ou coroa, fazendo uma galeria através da polpa, ganhando o interior de uma das sementes. Alarga-se, então, a galeria, transformando-a em uma pequena câmara onde realiza a postura. A fecundidade média das fêmeas da broca do café é de 74 ovos (31 a 119 ovos) e a longevidade média, de 156 dias (81 a 282 dias).
- A fêmea coloca 2 ovos por dia e o numero de ovos por câmara dificilmente ultrapassa a 20.
- O período médio de incubação dos ovos é de 7,6 dias (4 a 16 dias).
- O período larval da broca do café de 13,8 dias em média (9 a 20 dias) e o período pupal de 6,3 dias em média (4 a 10 dias). O número de gerações, em nossas condições, pode chegar até a 7 por ano, sendo que 4 a 5 evoluem no período de novembro-dezembro a julho-agosto.
- O ciclo evolutivo médio da praga é de 27,7 dias (17 a 46 dias).
Como Reconhecer a Broca do Café
A broca do café, na sua forma adulta, é um besouro pequeno brilhante e de coloração escura, possui o corpo cilíndrico, recurvado para a região posterior, robusto, com o primeiro filamento do tórax bem desenvolvido e recobrindo a cabeça.
O corpo da praga broca do café possui revestimento de escamas e cerdas e com os élitros sulcados longitudinalmente. O macho é um pouco menor, tem as asas rudimentares, não voa e vive no fruto onde se origina. A fêmea da broca do café tem cerca de 1,65 mm de comprimento por 0,73 mm de largura.